sexta-feira, 29 de março de 2013

Em homenagem a um grande amigo tenista

Olá pessoal, faz tempo que não publico algo por aqui.

Hoje estou afim de contar-lhes uma história, se tiverem tempo, sigam lendo :)

Eu devia ter uns 13 anos e estava jogando futebol na cancha do "Estadual", quando apareceu dois moleques de bicicleta... o nome deles era Eder e Márcio. Convidei eles para jogarem e depois ficamos de papo quando descobri que eram meus vizinhos. Eventualmente nos encontrávamos, mas a amizade não deslanchou.

Já quando eu tinha uns 14 ou 15, numa bela tarde ensolarada, o Henrique Robaina aparece na minha casa com duas raquetes de tênis na mão (uma Wilson vermelha de alumínio que o pai dele tinha comprado e uma outra de madeira, emprestada do Igor Grigoletti).

Ele me trazia a novidade de que haviam construído uma quadra de tênis no Esporte Clube Cruzeiro e que tinha conseguido uma raquete para eu jogar com ele. Até então, eu nunca tinha segurado uma raquete, mas já tinha visto na TV alguma coisa sobre o esporte e tinha achado BEM LEGAL. Aceitei na hora e partimos pro Cruzeiro "bater uma bola".

Chegando no Cruzeiro, lá estava a quadra de saibro... lisinha, nova, bem bonita.

Mas não tinha rede... isso não nos impediu de jogar assim mesmo :D Nem as regras sabíamos, mas tentamos trocar algumas bolas e jogar alguns pontos.

Após nosso "jogo" o Henrique comentou que alguns amigos do pai dele (seu Alberto Robaina) se encontravam diariamente para bater bola no final da tarde, para aproveitar o horário de verão.
Se não me engano, no tardinha do mesmo dia lá estava eu no Cruzeiro para assistir o pessoal jogar, aprender um pouco mais sobre aquele esporte e também dar uma de boleiro.

Foi quando eu conheci o Hélio Barcellos e Juarez Parode, eles que tinham construído a quadra. Depois conheci o Paulo Boemeke (com seu saque devastador), Beto Boemeke, Caio, entre outros.

Comecei a frequentar os jogos, para quando sobrasse um espaço bater uma bola com eles.

Até que um dia encontrei o Eder e o Márcio novamente, foi então que fiquei sabendo que o Eder era filho do Hélio. Como regulavamos de idade, começamos a bater bola juntos. Desta vez a amizade deu liga e continua desde então.

O Márcio sempre foi o melhor de nós e era tão rato de quadra quanto eu, ele sempre foi parceiro para bater bola, independente do dia ou da hora. Perdi a conta de quantas vezes combinamos de jogar às 7 da manhã, ou no começo da tarde (quando os "adultos" não estavam na quadra). Feriado não existia, nem Domingo. Qualquer hora era hora para jogarmos.

Fizemos torneios, ganhei alguns, mas o Márcio ganhou mais. Tinha um bom saque (para época) e o principal golpe era uma cruzada de forehand bem aberta e com certo peso. Ele foi o único que conseguiu vencer o "Delegado Saltão" num torneio, lembro que o Saltão batia slice dos dois lados, bolinha baixa e sem peso. Bem xarope! Eu nunca consegui ganhar um jogo dele, mas numa semi-final o Márcio venceu o Saltão e depois ganhou de mim a final :) As súmulas do torneio devem estar com o material que deixei com o Emerson.

Naquela época tudo era mais difícil e caro. Não tinha Internet! As coisas mudaram bastante nesses 20 anos, hoje Canguçu tem até uma quadra específica para prática de tênis! E há bastante informação disponível na rede para aprender a jogar. Para ter uma ideia, naquela época eu nem sabia que dava para bater backhand com topspin (na verdade, eu nem sabia o que era topspin).

Depois veio a febre do padel e como o Márcio era o mais habilidoso da gurizada, foi convidado para dar aulas no Ponto Um Padel (lá no triângulo). Fez aulas de Padel em Pelotas e iniciou muita gente nesse esporte em Canguçu.

Então fui estudar em Pelotas, o Cruzeiro pediu o espaço de volta e ficamos sem quadra. Nesse período também o Márcio começou a ficar doente e acabamos nos afastando. Sempre falávamos sobre voltar a jogar tênis, que era nossa grande paixão em comum (além de Nirvana e Pearl Jam hehe).

Avançando uns 15 ou 16 anos... Por convite do Eder voltei a bater bola, já no ginásio municipal de esportes. Procurei o Márcio com entusiasmo. Mas devido a doença ele não podia fazer esforço físico. Mesmo assim, durante um período de melhora, tive o privilégio de conseguir bater uma bola com ele lá no areião do ginásio, eu ainda não tinha feito a marcação de tecido, mas já tinha a rede de sombrite :D

Esta foi a última vez que bati bola com o Márcio, porque semana passada ele faleceu. Lembrarei com saudades desse grande amigo e tenista.

Gostaria de propôr a realização de um torneio em homenagem ao Márcio, pelo incentivo a prática do esporte em nosso município e também por ele ter participado ativamente do grupo de tenistas na época do Cruzeiro. O que vocês acham? Também é uma maneira de dar uma agitada no pessoal.

Abaixo segue uma imagem que fiz de duas fotos da época do Cruzeiro, fiz com celular e não ficou legal. Qualquer dia desses eu digitalizo melhor.
A foto de cima tem o Lupércio, Márcio e eu, em cima do que sobrou do Cerro da Liberdade. Na foto de baixo eu estou junto a rede de costas e o Márcio está fazendo um movimento de smash, ao fundo está o campo do cruzeiro e como podem notar havia grama no saibro :) Eu devia ter uns 18 anos nessa época...